A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo, separada da Itália pelo Estreito de Messina. Devido à sua posição geográfica, exerceu ao longo da história papel de grande importância estratégica e, por isso, acabou sendo conquistada e influenciada por diversos povos, entre gregos, fenícios, cartagineses, romanos, árabes, bizantinos e normandos. Cada uma destas civilizações deixou traços na cultura siciliana, na arquitetura, nos costumes, na comida e no vinho.

Acredita-se que a videira cresceu espontaneamente na Sicília muito antes da chegada dos gregos, e muitas uvas, hoje consideradas nativas, foram levadas pelos fenícios. Entretanto, os gregos teriam sido os responsáveis pela introdução de vinhas de melhor qualidade, além de melhores técnicas de cultivo das videiras.

Já na época do Império Romano, os vinhos da Sicília estavam entre os mais famosos do mundo antigo, e eram exportados e amplamente apreciados em todos os lugares. Naquela época, um dos mais famosos vinhos doces sicilianos era o “Mamertino”, feito da uva Grillo, muito apreciado pelas classes sociais mais nobres, sendo o vinho favorito do imperador Júlio César.

O vinho fortificado mais famoso e emblemático da Sicília é o Marsala, que representou um marco na viticultura da ilha. Em 1773 o comerciante inglês John Woodhouse desembarcou no porto de Marsala, forçado por uma tempestade. Provou o vinho local numa taberna e resolveu levar alguns barris para comercializar na Inglaterra. Para enfrentar a longa viagem de navio, foi adicionada aguardente de uva a fim de preservar as características e elevar o teor alcoólico. O resultado foi excelente, adicionando textura e potência ao vinho. O sucesso foi tão grande, que marcou a fortuna comercial de Woodhouse e da enologia siciliana.

O terroir siciliano é propenso à produção de vinhos intensos, concentrados e com explosão de fruta. Na parte oriental da ilha concentra-se a produção dos tintos, com destaque para a região do imponente Vulcão Etna, onde atualmente estão plantadas, a mais de três mil metros de altitude, algumas das melhores vinhas da Itália. Na parte ocidental, dominam os vinhos brancos.

A exemplo de outras regiões italianas, a Sicília também se destaca pela quantidade e variedade de uvas nativas.

A Nero d’Avola, que origina um dos tintos mais famosos e conhecidos do Sul da Itália, reina entre as tintas, originando vinhos com aromas intensos, que podem ser elaborados como varietais ou em cortes. Há outras tintas de destaque, como as delicadas Perricone e Nerello Mascalese, da qual provêm vinhos leves e muito saborosos, além da Capuccio e Frappato. Entre as brancas nativas, os vinhos de maior potencial e personalidade são elaborados com Catarrato, Inzolia, Grillo e Carricante.

Já entre as variedades internacionais, destaque para a Syrah e Cabernet Sauvignon, entre as tintas, sem tirar o mérito da Chardonnay, entre as brancas.

Com 103.000 ha plantados de videiras, a Sicília é a maior fonte de vinhos de toda a Itália, com a impressionante produção de mais de 500 milhões de litros anuais.