Todos os amantes do vinho encontram-se inevitavelmente na Toscana, a terra montanhosa de estradas sinuosas alinhadas com ciprestes esculturais e vinhedos que cercam cidades românticas no topo de montanhas. Os vinhos aqui são famosos, assim como a rica paisagem e a comida. Como uma das áreas produtoras de vinho mais prolíficas da Itália (e até da Europa), não é de admirar que a Toscana tenha muitos vinhos regulamentados, incluindo 42 DOC (Denominação de Origem Controlada) e 11 DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), sendo esta última classificação reservada apenas aos melhores vinhos italianos.

A Toscana tem uma longa tradição vinícola de aproximadamente 3.000 anos, quando os etruscos ali reinavam. Alguns séculos antes da expansão do Império Romano, eles tiveram contato com as colônias gregas do sul da Itália, assimilando importantes técnicas vitivinícolas.

Berço do Renascimento, cidades como Firenze e Siena eram centros culturais e comerciais, e muitas das exportações de vinhos eram negociadas lá. A partir da sucessão de governos dos Medici, o plantio de uvas para a produção vinífera ganhou tamanho e importância na região que antes era dominada pela cultura de trigo e oliveiras.

Desde essa época, Chianti já era considerado o vinho mais valorizado da Toscana. Tanto que, posteriormente, em 1716, Chianti DOC foi a primeira região demarcada da Toscana, por Cosimo III dei Medici, grão-duque da época. Entre momentos de glória e obscuridade, o Chianti está há séculos ligado a nomes nobres que até hoje o produzem, como Frescobaldi, Ricasoli e Antinori.

Entre as décadas de 1960 e 1980, surgiu um importante movimento que causou a revisão da legislação do vinho italiano e a ascensão de estrelas como o Tignanello e o Solaia. Chamados de Supertoscanos, estes vinhos foram criados por produtores arrojados que ousaram experimentar outras uvas italianas e uvas francesas, tais como Cabernet Sauvignon e Merlot, junto com novas técnicas de vinificação, fazendo por exemplo, uso de barricas de carvalho francês. Estes vinhos “fora da lei” conseguiram criar um marco na história do vinho italiano e um estilo até hoje cultuado no mundo inteiro.

Se há algo em comum entre os diferentes tintos da Toscana é a uva Sangiovese. Ela compõe os vinhos Chianti, Brunello di Montalcino e Vino Nobile de Montepulciano, mas graças a seus inúmeros clones, e ao terroir em questão, assume estilos impressionantemente variados. Entre os clones, Brunello brilha em Montalcino, Prugnolo Gentile faz o Vino Nobile de Montepulciano, e Morellino, ganhou fama pelo Morellino di Scansano. Outras uvas tintas se destacam, tais como Canaiolo, Colorino e as francesas Cabernet Sauvignon e Merlot.

Nem só de tintos vive a Toscana. Entre os brancos, as melhores opções são
Vermentino, Chardonnay, Sauvignon Blanc e, para os que apreciam tradição, o Vernaccia di San Gimignano DOCG merece ser provado.

Hoje, ao lado das regiões mais famosas da Toscana, existem outras de grande prestígio, a exemplo de Bolgheri e Maremma, onde são produzidas jóias enológicas, como o icônico vinho supertoscano Sassicaia, de corte bordalês Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, e o Morellino di Scansano DOCG, feito com a clone da protagonista Sangiovese.